sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Comentario de Marcelo Ariel


“senhor krauze”, de alberto lins caldas, é um livro que dialoga sutilmente com o “kadosh” de hilda hilts, mas não cai na armadilha de tentar explodir o muro da metafísica cristã com a bomba-beckett. com o “senhor keuner” de bertold brecht, mas não é refém de uma instrumentalização pedagógica da atmosfera mítica das fábulas de franz kafka. é livro que desmonta as fronteirazinhas entre poema, e-mail, texto de bate-papo na internet, monólogo dramático, sátira e outras classificações da nossa fragmentária e insuficiente expressividade verbal & escrita contemporânea, fragmentária e absolutamente inconclusa e insuficiente diante do horror que em parte é construído por ela. existe sim um horror que ganha a estatura de um buraco branco quando o colocamos diante dele mesmo, como um espelho diante de outro espelho em um lixão. "o que há dentro de um nome?" perguntava leopold bloom no “ulisses” de james joyce e “senhor krauze” explora com um lirismo selvagem e sarcástico a quantidade de camadas de um horror-buraco-branco nada metafísico que cabem dentro dessa pergunta: o que realmente há dentro de um nome? talvez um convite para combater esse horror que nos espera fora do espelho e em seus símiles dentro dele.
marcelo ariel

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